A Eucaristia faz a Igreja e a Igreja faz a Eucaristia

A liturgia do 17º domingo do tempo comum interrompe o Evangelho de São Marcos, Evangelho deste ano, e nos introduz ao capítulo sexto de S. João, o longo discurso do pão da vida, proferido na sinagoga de Cafarnaum, que se inicia com o milagre da multiplicação dos pães...

No texto original, em grego, São João usa uma expressão presente repetidas vezes em seu Evangelho para indicar os milagres de Jesus: "semeion", que significa sinal. O milagre de fato, ao contrário de nossa mentalidade, não é uma exibição espalhafatosa do poder de Deus, com objetivo de nos impressionar, pobres mortais necessitados; nem uma "carteirada" que Jesus utilizava para mostrar quem era. O milagre é um sinal de Deus que tem como objetivo maior suscitar a fé no coração. Ao longo do Quarto Evangelho, o Apóstolo vai narrando sucessivos sinais que se iniciam com as Bodas de Caná e que culminam com a ressurreição de Lázaro. São João, que não narra a última Ceia, reserva todo este capítulo que vamos ouvir ao longo de cinco domingos, ao tema da Eucaristia, tão central e fundamental para a Igreja, para a nossa fé.

Em primeiro lugar, Jesus sacia a fome física, mostrando-nos que é dever do cristão colaborar com seu trabalho, para uma sociedade justa onde há condições de uma vida digna para todos.

Ao mesmo tempo, este milagre remete para uma outra fome, fome interior numa sociedade consumista que coloca como raiz da felicidade a busca frenética de bens, elevando o supérfluo à suprema necessidade, priorizando as aparências, o culto ao corpo perfeito, em detrimento dos valores humanos espirituais. A partir da fome material, Jesus indica a fome interior, cujo grande sinal é a Eucaristia.

A Eucaristia é o centro da nossa caminhada de fé. É o centro das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), onde milhões de jovens se reúnem vindo de todas as partes do mundo para partilhar o Pão do Céu.

É evidente que não falta tudo aquilo que faz parte do universo de uma juventude sadia: o encontro com amigos, a festa, cantos, danças, troca de vivências, amizades que se formam, a experiência da cultura de cada povo, tudo isso permeado pela celebração da fé. Na imagem desses jovens mochileiros, vemos o que dizia Pascal: "O Homem é o peregrino do Absoluto". E no centro desses encontros está sempre a Eucaristia.

Assim, neste mês que celebramos a 72ª Festa de Nosso Padroeiro Santo Emidio, também a Eucaristia deve ser o centro vital, para a qual trazemos toda a nossa vida pessoal, familiar, paroquial, pastoral e na qual aprofundamos e renovamos nossa relação com o Senhor, para transmitir nossa alegria eucarística, alegria de nossa fé, junto aos irmãos e irmãs.

Convido a você a participar de todos os momentos de celebração da fé e de celebração festiva, parte fundamental de nossa caminhada eclesial, paroquial.

 Padre Sérgio Stein