A Palavra de Deus nos Forma e Transforma

09/09/2013 10:45

 

 

 

 

 O mês de setembro é sempre lembrado como o mês que dá início à primavera, que embora em nosso país não seja tão marcada pelo contraste com o inverno, tem sua beleza e nos convida a abrir-nos à vida que brota sempre nova. Para nós, católicos, setembro celebra o mês da Bíblia, provavelmente porque no dia 30 deste mês celebramos São Jerônimo, que foi quem no século IV traduziu a Bíblia para o latim, a chamada tradução “Vulgata”.

Para dizer uma palavrinha sobre a importância da Sagrada Escritura em nossas vidas gostaria de me inspirar numa palavra de Paulo a Timóteo, que diz: “Desde a tenra infância conheces as Sagradas Escrituras; elas têm o poder de te comunicar a sabedoria que conduz à salvação pela fé que há em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, refutar, corrigir, educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, qualificado para qualquer boa obra” (2Tm 3,15-17). Aqui se dá uma boa definição do que seja a Escritura e da sua utilidade.

Ela é palavra que vem do próprio Deus, através de comunidades e pessoas por Ele inspiradas, e dele veio com a finalidade de nos dar a sabedoria do bem viver, tendo em vista o fim último para o qual fomos criados, a participação na vida divina, na vida eterna. Ela nos ensina, assim, o caminho que nos leva a Deus, nos corrige quando nos desviamos deste caminho, e nos torna aptos para refutar às doutrinas que seduzem a um modelo de vida que, embora aparentemente brilhante, nos afasta da felicidade plena, que consiste numa relação pessoal de amor a Deus, nosso pai, e de fraternidade e serviço aos outros, nossos irmãos.

Mais que tentar convencer a respeito do valor das Sagradas Escrituras, o que imagino já ser uma realidade factual na vida de todos nós, gostaria de propor-lhes o exercício de uma meia hora diária de meditação dos textos bíblicos, seguindo a liturgia da palavra da missa cotidiana, ou tomando, por exemplo, o Evangelho de São Lucas, que é o texto sugerido para o mês da Bíblia desde ano.

Seguindo o método inaciano (de Sto. Inácio de Loyola), sugerimos alguns passos para o momento da oração. Como toda oração é um encontro com Deus, propomos os mesmos passos que se seguem no encontro com uma pessoa querida. O encontro é esperado com anseio, vivido com intensidade, degustado com amor, e depois lembrado com saudade. Tem um antes, um durante e um depois; que podem ser:

1º) Antes: preparar-se para a oração, escolhendo um lugar adequado, onde possa estar em silêncio e a sós com Deus, reservando um tempo adequado, sem interrupção de ninguém, dispondo o corpo de forma confortável, respirando lentamente por uns instantes, para acalmar-se e preparar-se para escutar a Deus. Colocar-se diante dele, tomando consciência de sua presença, invocando a luz do Espírito Santo.

2º) Durante: tomar o texto bíblico escolhido, e meditá-lo segundo dois métodos diferentes. Em se tratando de um acontecimento que possa ser representado de maneira imaginativa na mente, procurar ver as pessoas em cena, ouvir as palavras que elas dizem e considerar o que elas fazem, como se estivesse você mesmo presente na cena. E depois refletir sobre o que foi contemplado. Em se tratando de textos que contém reflexões, que não podem ser representadas na imaginação, ler e reler lentamente o texto mais de uma vez, procurando primeiro entender o que o texto diz em si mesmo, perguntando depois o que o texto diz a mim, e conversando finalmente com o próprio Deus sobre o que foi meditado, procurando enfim saborear a palavra meditada.

3º) Depois: Fazer uma revisão da oração, perguntando em primeiro lugar quais foram as frases e ideias que mais tocaram, mais chamaram a atenção, perguntando a seguir pelos sentimentos que predominaram na oração (se de paz, de inquietação...), e pelos apelos e chamados que Deus fez durante a oração, e finalmente pelas resistências e dificuldades que se experimentaram durante este momento. Tudo isso deve ser anotado num caderno pessoal de orações, para que possa ser revisto de vez em quando, e assim se possa perceber pouco a pouco por onde Deus nos está conduzindo.

Que o mês da Bíblia seja para todos um momento de retomada do exercício cotidiano da meditação e do encontro pessoal com Deus através de sua Palavra

Pe. Walterson José Vargas, ss.cc.

santoemidio.webnode.com.br

—————

Voltar