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2ª aula
27/03/2012 15:12A estrutura geral do processo de produção teológica
Três grandes operações:
1. Hermenêutica, para a escuta da fé.
2. Especulativa, para a explica..o da fé.
3. Prática, para a “aplicção” da fé é na vida.
A escuta da fé:
O primeiro momento do ato teológico mesmo é a escuta da fé. Teologizar é primeiro ouvir e depois pensar. A razão teológica é em primeiro lugar uma razão-escuta, uma razão receptiva. Em seguida, e só em seguida, é uma razão-fala, uma razão lógica.
Por que essa primazia do ouvido sobre o olhar tecrico? Porque a teologia se baseia fontalmente no testemunho dos Profetas (AT) e dos Apóstolos (NT) e não sobre a reflexão dos sábios. Por isso, na Igreja vem primeiro a Palavra-proposta – a Revelação; depois vem a Palavra-resposta – a teologia. Porque história e não sistema, a fé é revelada se sabe por testemunho e não por especulação.
Os lugares teológicos segundo Melchior Cano. (1509-1560)
I-Testemunhos primários:
1. Escritura, junto com a Tradição.
A Revelação ou a Palavra de Deus é testemunhada nesse lugar. Por isso a Escritura ocupa um lugar absolutamente é parte e ínico. Junto com a Escritura, inclui-se a Tradição apostólica, porque é impossível dissociar a escritura da Tradição e vice-versa.
II - Testemunhos secundários:
2. Senso dos fiéis, incluindo as Confissões de fé e a Liturgia
3. Magistério episcopal
4. Magistério pontifício (Santa São, Papa)
5. Santos Padres
6. Teóogos
Depois da Escritura com a Tradição, a maior autoridade é o “senso dos fiéis”, ou seja, a própria Igreja enquanto professa a fé. Esse “senso da fé” encontra expressões privilegiadas nos Credos e na sagrada Liturgia. Depois vem o Magistério, não só pontifício, mas também episcopal, em seguida os Padres e, por fim, também os teólogos, sobretudo os Doutores da Igreja.
III- Testemunhos alheios:
7. Religiões não cristãs
8. Filosofias e concepções do mundo (ideologias)
9. Ciências naturais e humanas (razão natural)
10. História passada, especialmente da Igreja
11. Sinais dos tempos
Esses são chamados “lugares teológicos alheios”, porque por um lado, não pertencem á própria teologia. Oferecem dados que devem ser eles mesmos teologicamente discernidos a título de “matria prima”; por outro lado possuem também certa luz teológica.
A escuta da fé é sempre ativa e crítica
Evidentemente, a audição da fé em seus documentos autorizados não ingênua. Supre uma audição crítica. O momento positivo implica numa hermenêutica.
O “posto á frente” não é um dado morto a ser assumido como tal, mas é uma Palavra viva, dirigida a pessoas vivas. A exegese moderna, em particular, mostrou de forma clara a “humanidade” da Palavra de Deus, contra todo fundamentalismo.
O dado teológico não é simplesmente dado. É um dado já construído. Não é fato consumado, mas processo vivo. Pois a Palavra de que a teologia arranca não é o todo feito, o habitual, mas é o fontal, o nascente.
Portanto, a escuta da fé exige uma explicação. Esta precede a aplicação, a qual constitui naturalmente um momento posterior da teologia, o da construção teológica.
A “escuta da fé” implica em três momentos:
1. Momento heurístico:
É buscar e encontrar os dados da fé. É assumi-los na elaboração teológica. Esses dados constituem os princípios através dos quais teologizamos. Os princípios últimos da teologia são os artigos de fé.
2. Momento hermenêutico:
Os textos não falam por si mesmos, mas somente quando interrogados. Daí as perguntas sobre o que querem dizer, levando-se em conta o contexto geral da época e outras regras de interpretação.
3. Momento crítico:
Trata-se de discernir ou julgar o peso das respectivas autoridades segundo sua hierarquia de valor: primeiro a Palavra de Deus e sua Tradição, depois o “senso dos fiéis”, em seguida o Magistério e assim por diante.
Necessidade de insuficiência da metodologia de M.Cano.
Melchior Cano teve o mérito de chamar a atenção da teologia para a positividade da fé, estabelecendo para isso a hierarquia das autoridades teológicas. Para ele a tradição da fé não é simples hierarquia, mas um organismo interativo de sujeitos mais ou menos autônomos.
Contudo, os limites são claros. Podemos dizer que seu método permite criar apenas uma “sistemática” e tirar dela deduções na linha de uma “teologia das conclusões”. Para fazer teologia precisa-se ainda de um segundo momento: a produção teológica mesma e a criação de novas razíes a partir do confronto entre as mesmas verdades da fé; e, por fim, de um terceiro momento, o confronto da fé é com a realidade humana e histórica da comunidade.
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