3ª aula

27/03/2012 15:20

I - Sagrada Escritura: A Testemunha da Palavra

Todo o n.24 da Constituição Dogmática Dei Verbum (Conc.lio Vaticano II: 1962-1965) coloca a importância da Escritura para a Teologia:

1. Para que a Teologia a Escritura é o “perene fundamento”; que nela, a Teologia “se fortalece e sempre se remo€a”; e que o “estudo” da Bíblia deve ser “como que a alma” da Teologia.

2. Distine o entre Palavra e Escritura.

Palavra representa a realidade mistérica da auto-manifestação e auto-comunicação escatológica de Deus, que se experimenta na fé é a “lei evangélica”, realidade pneumática, impressa no fundo no nosso coração.

Escritura é o testemunho categorial ou registro humano e canônico da Palavra. Neste nível a palavra escrita vem depois da Igreja e esta poderia, a rigor, subsistir sem ela.

3. Palavra de Deus: fonte e não meio da teologia.

II - Decílogo hermenêutico1

1. Disposição sincera e orante para a escuta da palavra

Para a compreensão de qualquer texto, o princípio dos princípios hermenêuticos á este: a abertura ao sentido objetivo, a disposição de entender o mais plenamente possível o que há para se entender. Sem essa atitude de fundo, todo e qualquer princípio, por mais técnico que seja, é ineficaz.

Vontade de acolher e praticar o que vai ouvir.

Pobreza como condição para interpretar corretamente a Bíblia.

Atitude de oração.

2. Situar o texto no contexto histórico

“o texto no contexto para não virar pretexto”

3. Estabelecer o “sentido textual” do passo em questão

Como chegar a intenção de um autor. Além do exame do sentido geral de sua mensagem e demandado contexto literário e social, deve-se estar particularmente atento ao “gênero literário” que ele usa para dizer o que quer dizer. Uma coisa é uma narrativa histórica, outra um poema, outra ainda uma parábola, um provérbio, e assim por diante.

4. Buscar em seguida o “sentido atual” do texto

Estamos aqui no momento da “aplicação” do texto para nós hoje, de perceber sua força atual, pois a Palavra de Deus é sempre “viva e eficaz”.

5. Ler a Escritura em comunhão com o conjunto da Igreja

1 Hermenêutica: Interpretação do sentido das palavras; interpretação dos textos sagrados.

2 A Bíblia é o patrimônio de todo o Povo de Deus. Foi escrita coletivamente: o Povo de Deus é seu autor, por isso deve ser lida comunitariamente.

6. Pôr-se na linha da grande tradição da Igreja

A tradição hermenêutica opera já dentro da própria Bíblia, como se vê pelas leituras sucessivas que ela mesma registra; e opera também a partir da Bíblia ao longo da vida da Igreja. É que Deus não cessa de falar a seu Povo pelo Espírito de seu Verbo. A tradição é obra do Espírito.

7. Considerar o texto dentro do conjunto do cânon escriturístico

“Toda Escritura poderia ser comparada a uma cítara: uma corda, sozinha, não dá harmonia, mas somente com as outras. Assim a Escritura: um texto depende do outro.

8. Colocar Cristo como a chave-mor de toda interpretação bíblica

Cristo é o centro, o objetivo e a plenitude da Revelação bíblica. Por isso, toda a Bíblia deve ser lida á luz de Jesus Cristo, de sua palavra e de sua vida.

9. Seguir as indicações do Magistério da Igreja

O Magistério é o interprete “autêntico”, isto é, autorizado ou oficial da Palavra. Ele intervém em última instância para afastar interpretações aberrantes e garantir a autenticidade de uma interpretação.

10. Finalizar no amor toda a leitura da Bíblia

Como iniciamos o código hermenêutico com a fé, devemos terminá-lo com a caridade. Se a Palavra fala do amor, a resposta também deve ser de amor. A disposição ao compromisso de amor é o selo de toda boa interpretação bíblica. E quando dizemos compromisso dizemos conversção, obediência, evangelização, justiça, libertação, enfim, a prática dos mandamentos de Cristo.

É “Quem imaginar ter compreendido as Escrituras ou pelo menos parte delas sem edificar, pela compreensção delas esse duplo amor de Deus e do próximo, não as compreendeu ainda”.

Resumindo o decílogo acima, podemos designar o núcleo da hermenêutica bíblica através de confronto fundamental: Bíblia – Vida ou mais largamente Fé. (Bíblia) – (Vida) Amor.

O núcleo dessa hermenêutica coincide com o núcleo da metodologia teológica: confrontar fé e amor, ou mais concretamente ainda: Bíblia e Vida. Isso significa que a Teologia é o desdobramento teórico da Bíblia.

O estudo da Bíblia, central na Teologia deve entrar em diálogo fecundo com as outras disciplinas teológicas: nestes termos, essas disciplinas propõem ao estudo bíblico, novas perguntas e novas hipóteses, e a Bíblia lhes oferece um fundamento seguro e lhes abre novos aspectos do Mistério de Deus.

 

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