2ª aula

27/03/2012 14:12

COMO ENTENDER A BíBLIA

Para começarmos a entender a Bíblia, temos que levar em conta três aspectos:

Literário

Histórico-sociológico

Teológico-hermenêutico

A Bíblia é, sobretudo, literatura. Uma obra de arte que tem como matéria-prima a palavra escrita. Como se trata de literatura teoógica, precisamos nos familiarizar com alguns termos:

NERO LITERÁRIO –  é uma ou várias características comuns a um conjunto de textos.

ESTILO –  é o jeito próprio de um autor se expressar.

PERÍCOPE – é  um texto da Bíblia que tenha sentido completo.

EXEGESE – palavra grega que significa explicação; é o estudo mais aprofundado da Bíblia.

HERMENÊUTICA – interpretação dos textos sagrados.

A crítica literária

A crítica literária é a maneira de ler um livro bíblico que nos possibilita distinguir o(s) seu(s) autor(es) e até mesmo a época aproximada em que foi escrito.

Numa leitura mais atenta do livro do GêNESIS, observa-se que, no primeiro capítulo, Deus é designado pela palavra hebraica Elohim, e, nos capítulos seguintes, precisamente a partir de Gn 2,4a, pela expressção Jahweh Elohim. Elohim é um termo genérico para qualquer divindade, ao passo que Jahweh é o nome próprio do Deus de Israel. Nota-se também que, em todo o livro do Gênesis, os textos com o nome Elohim e com o nome Jahweh se alternam e tem estilos completamente diferentes.

Muitas vezes a série em que se encontra o nome Elohim narra a mesma coisa que a série com o nome Jahweh. Por exemplo, as duas narrativas da criação. Isso nos leva a concluir que existem dois autores diferentes e que, o fato de os textos de ambos estarem juntos no livro do Gênesis indica que um terceiro personagem, um é redator, foi quem os juntou posteriormente. O primeiro a observar isso foi Jean Astruc, m.dico do rei Lu.s VX, da França.

O Cânon

A Bíblia é a Palavra de Deus, que foi grafada, em primeiro lugar, na vida do povo de Deus. O povo foi aos poucos fazendo uma seleção dos escritos considerados de maior importância na sua relação com Deus. Assim surgiu uma lista de livros ou de escritos, reconhecidos por todos como expressão da sua fé. A palavra de grega para designar essa lista é  cãnon, daí até hoje se fala em livros canônicos.

Por influência da cultura grega em todos os povos do Mediterrâneo, fez-se necessàrio traduzir a Bíblia para o grego. Essa tradução (cerca de 100 anos antes de Cristo) ficou conhecida como Septuaginta ou Setenta.

Essa tradução acrescentou livros que ainda nao constavam do cânon de língua hebraica. A diferenêa entre a Bíblia dos protestantes e a dos católicos vem daí Os protestantes preferiram a lista mais curta da Bíblia hebraica e os católicos, seguindo os apóstolos, ficaram com a Bíblia grega dos Setenta.

Os 7 livros que constam na Bíblia católica e não constam na dos protestantes são: Tobias, Judite,Baruc, Eclesiástico, Sabedoria, alguns trechos do livro de Daniel e do livro de Ester. Esses 7 livros são chamados “deuterocanônicos”, que significa “da segunda lista”.

As línguas

O Antigo Testamento foi escrito em sua maior parte em hebraico. Só dois livros deuterocanônicos foram redigidos em grego (Sb e 2Mc) e somente parte de dois outros (Est 4,7-6,18; Dn 2,4-7,28) em aramaico.

O hebraico e o aramaico n.ãfazem parte do grupo linguístico indo-europeu (como o Português e as outras línguas ocidentais), mas do grupo semítico, como o árabe.

Durante o exílio da Babiônia (587 a.C.), os judeus deixaram de usar o hebraico como língua corrente e adotaram a língua dos dominadores – o aramaico. Assim, Jesus também não falou hebraico. A partir daí, o hebraico foi ficando cada vez mais restrito á linguagem do culto divino e á literatura religiosa. Uma comunidade judaica que vivia em Alexandria (Egito) já quase não conhecia mais as línguas de seus pais (hebraico e aramaico). A língua universal era o grego, principalmente nas cidades. Por isso, essa comunidade teve de mandar traduzir a Bíblia para o grego para ser usada em seus cultos –   é a tradução dos Setenta ou Septuaginta.

A escrita

Foram os fenícios, povo desenvolvido que habitava Canaã, que inventaram o alfabeto, do qual se derivam o nosso, o alfabeto grego e o alfabeto hebraico. A arte de escrever, portanto, é muito antiga. Mas não era fácil devido aos parcos recursos de que se dispunha: tabuinhas de argila e lousas. (O papel e a imprensa viriam muito mais tarde). Para um povo nômade isso era impossível: carregar esse material pelos campos e estradas.

A escritura sagrada começou, portanto, muitos séculos depois do início da história do povo de Deus, com Abraão. Para que certos detalhes da história e certas tradições não se perdessem, foi muito importante a tradição oral – os cantos e as narrativas.

Foi na época de Davi e Salomão que surgiram os primeiros escritos mais extensos da Bíblia.

Principalmente no reinado de Salomão (930 a.C.), quando se atravessou um período de paz. Na corte real havia pessoas que sabiam escrever e não precisavam cultivar seus próprios campos. Não precisando também guerrear, sobrava-lhes tempo para a escrita.

Como delimitar uma perícope

Elementos que indicam o início:

a) Tempo e espaço – início, continuação, conclusão, repetição, localizaçao, noção de movimento

b) Personagens – introdução ou ação de um novo personagem

c) Argumento – mudança de assunto, com expressães como “finalmente...”, “quanto a...”, “a propósito de...”

d) Anúncio do tema – antecipação do que ser é  tratado a seguir

e) Título – alguns autores deixam explícito o título

f) Vocativo – o texto pode iniciar com um vocativo que explicita a quem tais palavras são dirigidas

g) Introdução ao discurso – introduz a fala de um dos personagens

h) Mudança de estilo – quando o autor mescla dois tipos diferentes de exposição: do discurso para a narrativa; da prosa para a poesia ou vice-versa

Elementos que indicam o término:

a) Personagens – o número de personagens aumenta ou diminui, provocando uma mudança de foco

b) Espaço – deslocamento do tipo partida

c) Tempo – informações temporais podem indicar que a ação está acabando

d) Ação do tipo partida – o personagem principal da narrativa sai de cena

e) Ação terminal – ações como morrer, sepultar ou decorrentes do episódio narrado como rezar, entristecer-se, converter-se, glorificar a Deus...

f) Ruptura do diálogo – a última palavra é sempre a do herói do episódio

g) Comentário – o narrador interrompe a exposição para fazer algumas observações

h) Sumário – o autor interrompe a narrativa para apresentar, de modo resumido, aquilo que acabou de expor

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