Maria, Mãe da Igreja

03/05/2013 08:54

Da Igreja que quer “ser pobre e para os pobres

 

O mês de Maio é tradicionalmente dedicado à memória e homena­gem à Virgem Maria, mãe de Jesus e nossa mãe. No dia 13 deste mês celebramos Nossa Senhora de Fátima, e assim recordamos as raízes portuguesas de nossa fé, que dedica especial carinho à Virgem aparecida aos pastorzinhos na Cova da Iria.

A Bíblia nos apresenta a Virgem Maria principalmente como a “perfeita discípula”, segundo o modelo da outra Maria, a irmã de Lázaro, que aos pés do Mestre, escuta atentamente a sua palavra e procura colocá-la em prática. Maria é a mulher de fé, que busca entender os caminhos da sua vida à luz da Palavra de Deus.

Maria é modelo do exercício da lei­tura orante da Palavra, através do uso cuidadoso das faculdades da alma na busca de aprofundamento e compreensão da vontade de Deus na vida: com a sua memória, ela “guarda a Palavra em seu co­ração”; com a sua inteligência, ela “medita internamente essa Palavra”, procurando entender-lhe o sentido e a direção para onde ela aponta; com a sua vontade, ela procura colocar essa Palavra no cotidiano de sua vida, compromentendo-se com todo o seu ser na busca de realização da vontade de Deus. O seu “sim” ao anjo Gabriel é uma expressão de sua resposta generosa aos apelos que Deus lhe faz através de sua Palavra.

Maria é “mãe da Igreja” na missão a ela confiada por seu próprio filho Jesus, que aos pés da cruz, na pessoa do apóstolo João, nos via a todos que com seus discípulos seríamos os seus futuros seguidores. Uma Igreja que deve manter a sua identidade tendo sempre como referência o Evangelho de Jesus.

Uma Igreja “pobre e para os pobres”, assim como definiu o papa Francisco numa de suas primeiras palavras em público. A Igreja de Jesus foi uma Igreja pobre. Ele mesmo “não tinha onde reclinar a cabeça” e em tudo ensinou a simplici­dade e a humildade. A sua mãe também foi uma humilde dona de casa, que na companhia de um simples carpinteiro, o criou e o preparou para a mais bela e a maior missão realizada entre os homens.

A história da Igreja, infelizmente, foi ajuntando à sua própria imagem uma enorme quantidade de símbolos e estruturas mais associados aos pode­rosos deste mundo que aos pobres, de tal maneira que às vezes se torna difícil visualizar nela a humilde Igreja de Jesus.

Por isso, é muito positivo que em vários pequenos sinais o Papa Francisco nos vá ajudadando a superar as ima­gens de poder vinculadas à Igreja, que tanto a distanciam de seu povo, e nos vá fazendo próxima uma Igreja irmã, acessível, que caminha ao lado e não acima de nós. Mas, não só pobre deve ser a Igreja, senão principalmente uma Igreja “para os pobres”. Uma Igreja que “sai de si mesma e vai para as periferias, não apenas geográficas, mas também as periferias existenciais: as do mistério do pecado, da dor, das injustiças, das ignorâncias e recusa religiosa, do pensamento, de toda miséria”, como também disse o Papa Francisco.

Uma pequena experiência pessoal no mês passado me fez repensar a minha própria imagem de Igreja. Na “Missa da Família” eu comentei na homilia que a familia cristã compreendia um princípio masculino (um pai), um princípio femi­nino (uma mãe) e geralmente também os filhos, e que cada qual deveria exer­cer bem o seu papel para assim serem verdadeiramente uma família cristã.

Após a missa uma jovem senhora me disse muito amavelmente que havia se sentido excluída por mim, pois abando­nada por seu marido, fazia de tudo para educar bem seus filhos e construir com eles uma família. Fiquei super agradecido a esta senhora, porque ela me obrigou a repensar a minha maneira de pregar e de pensar a Igreja: esta deve ser, em primeiro lugar, uma Igreja que acolhe com carinho, que se solidariza e que nunca julga prematuramente.

Feliz “Dia das Mães” para todas as mães de nossa paróquia, especialmente para aquelas que tem de ser ao mesmo tempo pai e mãe de seus filhos! Que Deus as abençõe e as ajude na educação de seus filhos!

Pe. Walterson José Vargas, ss.cc.

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