Páscoa: a Vida vence a Morte!

O mês de abril neste ano coincide de maneira exata com o início do tempo pascal na liturgia da Igreja. Páscoa é a festa da vida, da passagem da morte para a vida. O aconteci­mento central que deu origem à Pascoa cristã é um evento que não foi visto nem vivido por ninguém: o Espírito Santo desceu com toda a sua a potência divina, na obscuridade do túmulo, sobre o cadáver de Jesus, e tornou-o um “espírito vivificante” (cf. Rm 1, 4). Foi uma verdadeira explosão de vida, não totalmente nova, já que esta força de vida se manifestara em cada ação de Jesus com um potencial imenso de cura e libertação, mas agora ela se manifesta de maneira plena e atuando sobre o próprio Jesus, revelando que ele era mesmo o Cristo esperado.

Se não foi visto em sua origem, o fato originário da Páscoa pode ser verificado em suas manifestações, em seus frutos. Desde a ressurreição de Jesus aquela corrente de vida não pára de manifestar­-se. Manifesta-se, em primeiro lugar, na própria natureza; germina na pequena semente que, oculta na terra, vai se de­senvolvendo lentamente até brotar na superfície e tornar-se árvore frondosa. Não por acaso Jesus comparou a sua morte e ressurreição ao grão de trigo, que precisa morrer e ocultar-se na terra para germinar e dar fruto, que depois servirá de alimento ao homem. Não por acaso também a festa da Páscoa é celebrada, nas terras onde surgiu, no início da primavera, depois de uma espécie de aparente morte da natureza ocorrida nos frios do inverno.

Manifesta-se, em segundo lugar, na vida particular de cada pessoa. A sua própria vida é uma espécie de parábola desta festa da vida. O homem desperta cada manhã do sono noturno como se despertasse da morte para a vida; desenvolve suas atividades ao longo do dia tendo que transformar de forma positiva, construtiva e estimulante, vá­rias dificuldades que a vida apresenta; recolhe-se ao fim do dia em sua casa e, simulando a morte, oculta-se no sono profundo até despertar para um novo dia, que surge radiante com o sol que lembra o Cristo ressuscitado.

Mas manifesta-se sobretudo na força interior que faz com que alguém entre nas intenções de Cristo, no seu amor aos pobres, na sua luta pela justiça, na sua dedicação por cada pessoa, no seu espírito de liberdade, de humildade, de adoração e de oração. Manifesta-se principalmente na passagem de uma visão individualista a uma visão solidá­ria da vida, na travessia da escravidão do sucesso e do dinheiro a uma visão ampla da vida, aberta a Deus e aos ou­tros. Quem celebra a Páscoa se dispõe a andar no caminho de Jesus, a assumir o seu próprio estilo de vida. Celebrar a Páscoa significa, assim, assumir a soli­dariedade como estilo de vida, internalizá-la como projeto pessoal.

É necessário, por­tanto, para celebrar bem a Páscoa em seu verdadeiro sentido cristão, desvencilhá­-la do jogo do con­sumo, do chocolate, do pescado, ou da exploração turística do vago sentimento do religioso e do sagrado. Para celebrá-la bem, é necessário manter firme e de maneira vital os valores da solidariedade e do amor ao próximo numa sociedade tão marcada pelo individualismo e pelo consumismo.

A recente eleição do novo papa e as suas primeiras aparições e falas em público, demonstrando simpatia, sim­plicidade e humildade, dão indícios de uma nova primavera na Igreja. Parece ser que o Espírito Santo, mais uma vez, age no escondido e oculto do homem e de suas relações para gerar nova vida. É certo que serão necessárias muitas e difíceis travessias para o novo papa, mas o seu nome Francisco e os seus primeiros gestos e palavras nos fazem esperar agradáveis surpresas.

Também na paróquia nos esforça­remos por continuar gerando sinais de vida, como já acontecia nos últimos anos. Esperamos já no próximo mês co­meçar um trabalho com jovens, através da assessoria da Comunidade Shalom, especializada na evangelização dos jovens. Esperamos também dentro de pouco tempo recomeçar os trabalhos do ECC (Encontro de Casais com Cristo) e gerar sinais de vida também no trabalho com as famílias.

Pe. Walterson José Vargas, ss.cc.