Prece da Maior Idade

15/11/2011 08:06

Pai,  agora que não estou mais no tempo de alimentar ilusões aguça meus sentimentos, para que eu perceba a beleza das realidades.

Pai,  agora que opções goram feitas e tantas portas se fecharam em definitivo, dá-me aceitação para que as renúncias não sejam um fardo pesado demais.

Pai, agora que tantos desenganos, tantas incompreensões repetiram lições de ceticismo, conserva minha disponibilidade frente às criaturas.

Pai, agora que as forçar do meu corpo começam a falhar, alerta meu espírito, livra-me do comodismo, redobra minha vontade.

Pai, agora que já aprendi a precariedade de todas as coisas, as limitações de todas as lutas, as proporções de nossa pequenez, afasta-me do desânimo.

Pai, agora que já alcancei o ponto de perspectiva que me dá a exata visão do pouco que sei, desvia-me da defesa fácil de colocar viseiras e ajuda-me a envelhecer com a abertura dos corajosos, dos que suportam revisões até a hora da morte.

Pai, agora que aumenta o círculo das criaturas que me olham e esperam alguma coisa de mim, dá-me um pouco de sabedoria, ensina-me a palavra certa, inspira-me o gesto exato, norteia minha atitude.

Pai, agora que perdi a abençoada cegueira da juventude e só posso amar de olhos abertos, proteja-me da amargura.

Deus-Pai, conceda-me a graça de não chorar o passado, de continuar disponível, de não perder  o ânimo, de envelhecer jovem e de chegar à morte com reservas de amor.

 

                                                      Autor desconhecido.

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