Ser Missionário é ir além das Próprias Fronteiras

02/10/2013 08:19

                    

 

 No mês de outubro, a Igreja católica no Brasil, celebra e reflete sobre as missões. Fazê-lo no contexto do constante apelo que o nosso novo papa, Francisco, tem feito a que saiamos de nossas fronteiras e nos dirijamos às periferias humanas do nosso tempo, sejam elas econômicas, sociais ou culturais, é especialmente animador.

Para falar corretamente de missão é necessário ir à sua fonte, ao próprio Deus, que sai de si, e num transbordar de amor, que é Ele mesmo, nos cria em seu Filho. E depois nos envia esse mesmo Filho, Jesus, para coroar a sua criação e saná-la em sua raiz pela doação de sua vida obediente até à morte de cruz.

Jesus é o grande missionário do Pai. Sua vida foi uma grande aula prática, recheada com uma teoria viva, acerca de como ser missionário. Jesus formou seus discípulos para a missão, ensinando-lhes em primeiro lugar a ter compaixão, a ter um coração capaz de sentir o sofrimento dos outros e se aproximar, abrindo os ouvidos e a alma, acolhendo com carinho e estendendo a mão.

Em meio aos exemplos práticos, Jesus dirigia-lhes palavras de estímulo sobre a fraternidade e o amor, a confiança e o abandono nas mãos do Pai, e especialmente, foi esclarecendo-lhes o sentido da cruz, apresentando a vida em seu seguimento como um caminho que não é fácil, que oferece resistências e até perseguições, mas em que a alegria pela comunhão com Deus e com os outros seria sempre imensamente maior.

Quando já estavam formados pela sua palavra e exemplo, Jesus os enviou com o mesmo poder que tinha de ensinar (esclarecer e abrir mentes e corações), de curar (pela palavra de conforto e pela doação concreta em favor dos mais sofridos), e de expulsar o mal (em todas as formas, desde as mais incompreensíveis até às mais concretas e abomináveis maquinações humanas).

Depois de ressuscitado, Jesus enviou sobre eles o seu Espírito, aquele mesmo que o animou toda a sua vida e por fim o ressuscitou da morte, Espírito de vida, de coragem e de força.

Com esta força, os discípulos se espalharam inicialmente pela Palestina, depois se estenderam pelo mundo afora e pelos tempos futuros. Exemplos de missionários apaixonados, abnegados e solícitos ao extremo no amor pelo povo, especialmente pelos mais sofridos.

Não nos faltam exemplos na história: de Paulo a Bento, de Francisco Xavier a José de Anchieta, de Damião de Molokai a Pe. Eustáquio, de Charles de Foucauld a Teresa de Calcutá... Em todos eles pulsava o mesmo amor apaixonado por Jesus, e daí, um amor apaixonado aos homens, especialmente aos que mais sofrem.

Também nós somos chamados hoje a ser missionários. Provavelmente não teremos que atravessar fronteiras geográficas e ir a outros países, mas certamente teremos que atravessar as fronteiras de nossos fechamentos em nossas zonas de conforto, de nossos esquemas de pensamento fechados, de nossa comodidade e estagnação em uma vida segura e tranquila. As terras de missão hoje estão muito próximas de nós, há um mundo ao nosso redor a ser evangelizado: pessoas carentes de amor e de acolhida, de escuta e valorização, de estímulo e promoção...

Há um mundo à espera de alguém que apresente sentido profundo, alegria verdadeira, solidariedade carinhosa, fé profunda no absoluto eterno que invade a nossa vida escondida e discretamente.

No âmbito de nossas pastorais na Igreja e em nossa paróquia, é hora de perguntar-nos para onde estão direcionadas nossas energias, se unicamente para manter o rebanho que já está em nosso redil, ou se nos abrimos para a grande maioria do rebanho que está fora do nosso redil. Somos uma paróquia que só mantém o que já existe pastoralmente ou saímos em busca daqueles muitos que não vem há anos? Somos uma paróquia que olha mais da porta para dentro, ou da porta para fora de nossa Igreja?

É o grande questionamento que a Igreja nos faz desde a Conferência de Aparecida, em 2007. Que este mês nos ajude a refletir e reforçar nossa cons-ciência missionária e dar passos concretos em direção aos mais afastados.

 

Pe. Walterson José Vargas, ss.cc.

santoemidio.webnode.com.br

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